sexta-feira, 30 de junho de 2017

"NOVA MÃE, NOVO MUNDO"


Ser mulher numa sociedade construída para atender as demandas masculinas é injusto e cruel, mas não é só isso, a biologia aumenta as discrepâncias, visto que mulher é uma geradora de vida, logo, fica responsável pela manutenção, educação e cuidados do mancebo.

Além desse fato há esse amor insano que as mães têm pelos filhos, capaz de ir até aos intestinos do inferno para socorrê-los, com graves riscos para si mesmas. Sempre os perdoando e procurando salvá-los de todos os males. O que diminui exageradamente as chances de humaniza-los (aos filhos homens).

As mulheres são cruéis com as mulheres: julgam-se, competem entre si, difamam-se, dissimulam... O que traz um grande prejuízo para elas mesmas, pois não havendo união, tudo fica mais difícil. Até entre mães e filhas há competição e deslealdades, o que geralmente não ocorre entre mães e filhos.

Hormonalmente há essa insanidade que ora as mantêm lúcidas; ora, ensandecidas; ora decididas; ora hesitantes; ora, apaixonadas; ora, indiferentes; ora, amorosas; ora, odientas...

Esse conjunto de fatores: biologia, educação, maternidade, amor incondicional, inimizades com outras mulheres, apenas complica ainda mais suas condições de vida nessa sociedade misógina e machista.

Além disso tudo, temos a questão do raciocínio emocional, que as fazem romantizar situações graves como se grave não fossem.

Para as mulheres sobram às obrigações de serem boas esposas, boas mães, boas profissionais, boas amantes, boas donas de casa, cozinheiras, boas mantenedoras; além de sempre terem que estar lindas, cheirosas, magras, elegantes, apresentáveis, dispostas e no cio.

Devem ser mulheres, fêmeas fatais, excelentes profissionais, esposas e mães dedicadas; jamais poderão estar fora de forma, ao menos, fora da forma que sociedade atual diz que devem ter: adelgaçadas, magras ou carnudas, malhadas, esculturais, peitudas, bundudas, acinturadas, siliconadas, “bototizadas” (que tem botox) e com carões de fome pelos homens.

Por outro lado temos as obrigações dos homens que resume-se tão somente a um comentário simplório dito pela maioria das mulheres e digno de uma síncope:

“Mas ele é trabalhador!”

PRONTO! O cara pode ser um canalha, lambão, escroto, ogro, machista, odioso, ignorante, babaca, relapso, ausente, agressivo, violento, adúltero, mulherengo, beberão, insano, bronco, um perfeito demônio encarnado; mas SE, ENTRETANTO, for trabalhador, ESTÁ PERDOADO.

E isso, justifica todos os seus péssimos e horrendos defeitos de caráter, desvios de conduta, falta de moral e ética.

Numa sociedade que trata os homens como provedores e as mulheres como bonecas de carne, a vida se torna insuportável.

Como quem educa os filhos são as mulheres, assino com o Dr. Ângelo Gaiarsa que dizia que era necessário uma sociedade baseada em uma “Nova mãe, novo mundo”.

Queres um mundo melhor, mais justo e igualitário?

Eduque seus filhos para serem homens e não provedores e reprodutores; eduque suas filhas para enxergarem-se como seres humanos e não como bonecas de carne para o consumo masculino. Lutem por isso e o mundo lhes agradecerá!

NAMASTÊ

Cláudio Nunes Horácio








terça-feira, 20 de junho de 2017

O DIA DO DEPRESSIVO


Abriu os olhos e percebeu que precisava reunir todas as suas forças para se levantar e enfrentar o cotidiano que, para a maioria, é normal, mas que para ele era um esforço sobre-humano.

As questões do dia-a-dia, tão corriqueiras para a maioria, como: levantar-se, arrumar-se e dirigir-se ao trabalho ganhara um peso jamais experimentado, exceto, pelos deprimidos.

Sabia que teria que chegar ao seu local de trabalho e se relacionar com os colegas, sorrir, ser amigável e simpático. Acontece que nada lhe dava sabor à vida, tudo era nublado; não havia cores que pudessem acalentar os seus sentimentos confusos.

Seu corpo funcionava igualzinho a um carro de gasolina que fora abastecido com diesel, sua mente é o motor que se recusa a normalizar devido à falta da substância correta para o seu funcionamento padrão, correto e normal.

Tudo o que encanta e agrada a maioria das pessoas já lhe são desprezíveis, insossas e até insanas. Você sabe que o problema está em você; sabe que precisa resistir e lutar para que haja uma normalização de humores em você, só que não encontra o caminho, os equipamentos e aparelhos que poderão lhe ajudar a se normalizar.

Se alguém lhe diz que no dia seguinte você terá que fazer uma coisa, sua ansiedade subirá de nível, se lhe disserem que terá que fazer 2 coisas, ela dobrará e se tiver que fazer 3 coisas, nem dormirá mais.
Um simples encontro social como um aniversário, um casamento ou um almoço adquire o poder de assombrar seu dia e lhe causar calafrios.

Relacionar-se, então, é uma coisa de outro mundo, por isso a busca pelo isolamento, pois família, trabalho e escola passam a ser um grande problema justamente porque teremos que usar máscaras sociais para nos parecer normais, sendo que não estamos normais.

Fora o que já sofremos com os sintomas, ainda temos que aguentar a ignorância das pessoas que palpitam e julgam sem nada saber sobre essa doença, já que todo brasileiro é metido a ser médico, teólogo, técnico de futebol, comentador político...

Felizmente as crises diminuem e os sintomas ora desaparecem, ora reaparecem mais brandos, por isso poderemos viver normalmente, porém, sabendo que não somos pessoas normais, que temos um distúrbio que dá para ser administrado. Mas essa administração não nos transformará em gente normal, apenas nos ajudará a nos adaptarmos à sociedade.

Cláudio






segunda-feira, 19 de junho de 2017

Sínodo do cadáver: Ódio além da vida


A Igreja Católica passava por uma época turbulenta no fim do século 9. Enquanto no século 20 a Roma teve oito papas, no século 9 contavam-se às dezenas os que se sucederam no cargo – a maioria na casa dos 30 anos. “Em alguns casos, os papas terminavam assassinados, eram depostos e fugiam”, diz a historiadora Valéria Fernandes da Silva, especialista em história da Igreja. As poderosas famílias de Roma tinham influência na Santa Sé, o que levou algumas pessoas perturbadas a se sentar no trono de Pedro. Mas, em termos de bizarrice, nenhum superou Estevão.
No começo de 897, o papa Estevão VI (alguns o citam como Estevão VII) tomou uma atitude excêntrica: ordenou a exumação de seu antecessor Formoso, morto nove meses antes. No evento conhecido como sínodo cadavérico, o corpo do papa-defunto (isso mesmo, o corpo), vestido com insígnias e ornamentos, foi julgado e condenado por excesso de ambição. Estevão excomungou Formoso, que foi despido de suas vestes papais e teve amputados os dedos da mão direita, usados para abençoar os fiéis. Seu corpo putrefato foi atirado no rio Tibre, pena comum a criminosos.
Depois do ocorrido, a popularidade de Estevão foi para o fundo do Tibre junto com o corpo de Formoso. Ele foi deposto numa rebelião e estrangulado até a morte, ainda em 897. No ano seguinte, o novo papa João IX anulou o sínodo cadavérico no Concílio de Ravena e ordenou o retorno do corpo de Formoso, resgatado do Tibre, à tumba, na Basílica de São Pedro. “Foi talvez o período mais conturbado da história do papado”, diz a historiadora Valéria Silva. “Coisas assim são um sintoma da instabilidade da Igreja, da crise de autoridade e da ingerência das grandes famílias.” Estevão foi considerado louco.
O caso teve uma repercussão tão assustadora, que a partir de 880, a Igreja trocou de papa como time brasileiro de futebol muda de técnico. Segundo o Dicionário de Papas, de Michael Walsh, foram 38 eleitos nos 150 anos seguintes, média de um a cada quatro anos. Como se fosse Copa do Mundo. Além disso surgiu a denominação "Antipapa", que apesar de parecer ter saído de uma história de super-heróis, serve para definir aqueles que se elegeram papas em oposição aos que foram escolhidos pelo poder central, em Roma. Entre os séculos 3 e 15, houve cerca de 30 antipapas. Reza a lenda que o desequilibrado Estevão, durante o julgamento, perguntou ao cadáver de Formoso: “Por que desrespeitaste esta diocese?”, ao que um diácono, escondido, respondeu: “Porque eu sou mau!”.