quinta-feira, 15 de setembro de 2016

DEPRESSÃO: COMO AJUDAR


Nesse texto vou explicar de forma explícita, quase ginecológica, os porquês aqueles que estão com alguma doença mental (depressão entre outras) se irritam, se isolam e se enfurecem com a maioria das pessoas, especialmente com os mais próximos.

O que acontece é que a pessoa está doente, ela não perdeu a capacidade reflexiva, ela ainda pensa; não se tornara anencéfala ou burra de repente. A lucidez ainda é algo que essa pessoa possui, exceto quando está em surto psicótico, o que é uma exceção e não uma regra.

Portanto, você lhe dizer coisas óbvias como: “você tem que tomar banho, não pode dormir o dia todo, tem que cuidar dos filhos, marido, esposa, providenciar alimento, trabalhar etc, não a ajudará em nada, pois ela JÁ SABE de tudo isso, apenas NÃO CONSEGUE FAZER algo a respeito na velocidade que você gostaria que ela fizesse. Suas reações estão debilitadas e precisa de um tempo para adquirir energia para realizar uma dessas coisas, como e quando puder; quando reunir forças para fazer e, isso, não será no seu tempo ou no tempo ideal, mas SE E QUANDO ela conseguir.

Pessoas que estão doentes da mente não suportam pessoas que nunca passaram pelo que estão passando e se julgam no direito de palpitar sobre a sua doença, não suportam gente que não tem cultura a respeito da doença que estão atravessando e que, mesmo assim, palpitam sobre o que elas devem fazer para melhorar.

O que mais essas pessoas escutam em seu dia a dia são idiotices, imbecilidades e estupidezes do tipo:

- Você não pode se entregar, tem que reagir.
Acontece que a pessoa até quer reagir, apenas não consegue, é incapaz de fazer algo por ela mesma nesse momento.

- Se você se achegar a Deus tudo isso passará: deve ir na igreja, ou no centro, ou no terreiro ou na mesquita que ficará curada, beijar o Santíssimo ou se converter e aceitar a Jesus.
Se ela tivesse quebrado o pé você diria a ela que seu problema é espiritual? Pois é! Então, ela está com a mente quebrada, não é uma questão do espírito, mas do corpo. Cale a boca e guarde a sua religiosidade para você, o problema dela não é com Deus, mas com seu corpo, especificamente com a sua mente que não está administrando de forma correta as suas emoções.

Agora tente ao menos imaginar o que é estar totalmente e completamente impossibilidado de reagir de forma normal a rotina diária, as responsabilidades da vida e ter que escutar o dia inteiro coisas do tipo:
1. “Mas você parece tão feliz!”

2. “Mas a sua vida é tão boa!”

3. “Você já tentou…?”

4. “É só sair e fazer exercícios ao ar livre — você vai se sentir bem melhor.”

5. “Mas por que você está deprimido?”

6. “Vamos tomar uma bebida pra você esfriar a cabeça.”

7. “Você não parece deprimido.”

8. “Não se preocupe, você é forte o suficiente para lidar com isso.”

9. “Mas eu não faço você feliz?”

10. “Você não tem medo de que os remédios te transformem num zumbi?”

11. “Você está tomando seus remédios?”

12. “Você só tem que tentar não pensar nisso.”

13. “Pelo menos você não está tão ruim quanto certas pessoas.”

14. “Eu sei como é; de vez em quando, eu também fico deprimido.”

15. “Eu sinto saudades de como as coisas eram antes.”

16. “Acho que seria bom você se concentrar em fazer exercícios e ter uma boa alimentação.”

17. “Você está sendo muito duro consigo mesmo.”

18. “Você precisa se concentrar em fazer coisas que te deixem feliz.”

19. “Você vai melhorar, é só uma fase.”

20. “Você ainda está com depressão? Mas pensei que já estivesse melhor.”

21. “Todo mundo tem aqueles dias.”

22. “A felicidade é uma escolha!”

23. “Eu sei que você conseguirá vencer a doença.”

24. “Você se sentirá melhor amanhã.”

25. “A vida não é justa.”

26. “Você tem que aprender a lidar com isso.”

27. “A vida continua.”

28. “Você está sendo egoísta.”

29. “Você está me deixando cabisbaixo.”

30. “E você lá tem motivos para estar deprimido?”

31. “Pare de sentir pena de si mesmo.”

32. “Você só precisa sair de casa!”

33. “Todo mundo está lidando com a vida, então por que você não pode?”

34. Isso é falta de Deus.

35. Você deveria parar de tomar esses remédios, eles só fazem mal.

E por aí vai...
Qualquer ser humano se enfureceria, gritaria e imploraria para ser isolado, internado num hospício em Antares para se livrar dos sabichões, pseudo-conhecedores da mecânica cerebral e propaladores de coprêmeses filosóficas e teológicas de plantão.

(traduzindo: qualquer pessoa teria uma crise nervosa e iria querer se internar num planeta distante para se livrar daqueles que julgam saber algo a respeito do que eles estão sentindo, pois o doente quer se livrar das palavras inúteis que saem da boca dessas pessoas, pois são semelhantes a vomito de cocô (coprêmese) e ainda querem que o doente engula como sendo um banquete.).

Você quer ajudar um doente psiquiátrico? Faça o que puder na vida prática, cuide das coisas básicas, limpar a casa, cuidar dos filhos, cozinhar, mas PELO AMOR DE DEUS, CALE A BOCA, FAÇA SILÊNCIO, não diga nada, não reclame, NÃO O JULGUE nem mesmo com os OLHOS. Esteja presente para algo que ele queira lhe pedir ou dizer, mas fique quieto e em silêncio. Isso ajudará muito.

NÃO LHE DÊ SUGESTÕES! Responda quando for perguntado, expresse sua opinião quando pedida; ENTENDA QUE ELE NÃO IRÁ FICAR CURADO DA NOITE PARA O DIA, vai demorar e vai demorar muito. Não agende compromissos para o doente, não marque nada sem antes o consultar e saber se ele quer ou se está disposto a fazer o que quer que seja, tipo: tomar passe, ir ao culto, conversar com alguém etc. Quando não puder fazer essas coisas, delegue as responsabilidades para outra pessoa e retire-se, assim você já o estará ajudando.

Cláudio Nunes Horácio


terça-feira, 13 de setembro de 2016

NÃO SE DEIXE ABUSAR


Pessoas com distúrbios psiquiátricos têm algumas características em comum, agem de forma irresponsável com a vida de seus semelhantes e folgam naqueles que percebem que são moles e os deixam a vontade para folgar. Estão malucos, mas não são burros!

Suas rotinas oneram o tempo e às vezes as finanças de parentes e amigos que insistem em permanecerem em seu cotidiano.

Desconfiômetro não é o forte desses pacientes, o que não sei é se realmente isso é uma característica da psicopatologia deles, ou se aproveitam de sua doença para usarem e abusarem daqueles que são moles de coração.

A questão, porém, não é a intenção deles, mas sim a nossa acomodação em deixar, quem quer que seja, agendar o nosso precioso tempo ou consumir os nossos suados recursos financeiros com aquilo que não planejamos.

Ajudar uma pessoa é uma coisa; prejudicar-se por ela, é outra coisa!

Deus não nos ordenou a amar ao próximo acima de nós mesmos, sendo assim, quando isso acontece, estamos pecando contra nós mesmos. Esse é o segundo pior pecado que podemos cometer, o primeiro é não amarmos a Deus.

Depois de sofrer décadas de abusos sucessivos por ser mole demais e por ter dó em excesso, resolvi cortar da minha vida a convivência com aqueles que acostumei a deixar onerarem o meu tempo. Isso foi em 2012 e confesso que a minha vida melhorou demais.

Se a minha experiência diz alguma coisa, ela me ensinou que não importa de quem vem o abuso, o que importa é não nos deixarmos abusar. Ninguém tem o direito de lesar o próximo e, cada um tem a sua própria história para viver.

Isso quer dizer que só sou responsável pelo meu próximo enquanto isso não estiver me prejudicando e, tudo o que passar disso, é abuso contra mim e a minha história. Portanto, não posso ser irresponsável para com a minha vida, com a minha história e o destino que dou a elas.

Cláudio