sexta-feira, 25 de maio de 2018

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO



As mudanças ocorridas no mundo nos últimos 50 anos transformaram a sociedade de forma profunda. Nossas tradições foram substituídas pelo pensamento prático e egoísta.

As famílias se perderam ao investirem tudo no “ter”, no adquirir e no possuir, abandonando definitivamente o “ser” e a proximidade que o fazer parte de um grupo familiar nos garantia de intimidade.

Estamos a cada dia mais distantes uns dos outros, mesmo que vivamos sob um mesmo teto. A solidão a dois, a três, a quatro ou a cinco grita escandalosamente em meio às convulsões sociais que criamos.
A vida simples, satisfatória e com poucas aspirações materiais foi deixada para trás. Isso dispersou os membros das famílias, os espalhando para todas as direções. Alguns conseguem se equilibrar nessa correria insana, outros, se perdem em meio ao crime, às drogas, o estabelecimento de outras diversas famílias que não têm continuidade e muito menos base ou estrutura para sobreviverem.

Da frequência às missas ou aos cultos protestantes, do assentar-se à mesa para as refeições ou o reunir-se em volta da TV a noite, tudo se perdeu em meio aos aparelhos celulares, as Redes sociais e o descaso com o qual passamos a nos relacionar.

Não há mais comunhão, apenas desunião; o tempo em família e em igreja se perdeu, acabou!

Os domingos já nada representam, apenas tornaram-se momentos de ociosidade que garantem as glutonarias e as bebedeiras, as conversas improdutivas, insossas, insanas e abjetas de quem nada de bom tem a oferecer para si, para o próximo, para a vida ou para o mundo.

Nenhuma consciência é estimulada, valorizada ou ambicionada; não há mais a espera gostosa dos horários de reflexão espiritual dos cultos ou das missas dominicais.
Ninguém mais se sente aquecido com as antigas matérias fantásticas do Show da vida – O Fantástico, que nos trazia inúmeras reportagens daquilo que desconhecíamos, ao ponto de nos deixar boquiabertos.

Aos domingos, após o jantar, as famílias se reuniam na sala em frente a única TV que havia na casa para admirar os efeitos maravilhosos da abertura do Show da vida, criados pelo designer alemão Hans Donner.

Não existiam Redes sociais, celulares ou internet, ninguém sequer imaginava uma foto digital, um Photoshop, um Facebook ou um Whatsapp. Conversávamos com aqueles que estavam próximos e, eventualmente, escrevíamos cartas ou telefonávamos rapidamente para os que estavam longe.

Quando acabava a energia elétrica, acendíamos as velas, sentávamos em círculo e contávamos histórias, relembrávamos momentos e revíamos as lendas urbanas que tanto nos amedrontava. Eram momentos especiais, em família, com os corações aquecidos e próximos. Mesmo que algumas coisas materiais nos faltassem; amor, união e comunhão sempre eram abundantes.

Havia respeito mútuo, liderança, disciplina, boa vontade, obediência, colaboração. Todos sabiam seus deveres e suas obrigações, não era pesado para ninguém.

Os mais novos começavam a trabalhar bem cedo, não havia a interferência do governo na família com a criação de leis absurdas obrigando os pais a sustentarem filhos vagabundos.

O que havia era as instruções dos clérigos, que orientavam os pais em como deveria ser uma educação cristã para a formação de um Homem de bem.

As crianças não se intrometiam nas conversas dos adultos, não os respondiam, jamais davam birras e nunca eram consultadas a respeito daquilo que queriam comer, a que horas queriam dormir ou coisas semelhantes. Os pais determinavam como seriam suas vidas e suas rotinas e ponto final.

Nas escolas os professores eram deuses respeitados, possuíam o conhecimento que precisávamos, confiávamos neles. Suas opiniões, palavras e atitudes nos influenciava, nos confortava ou apavorava, dependendo da situação.

Eram verdadeiros arquétipos da sabedoria e do conhecimento, suas opiniões realmente importavam, pois ninguém tinha a pretensão de saber tanto quanto eles sem jamais ter estudado, como acontece hoje com os “especialistas” de Facebook.

Eram doutores do saber, um saber que não aprenderam nalgum site vagabundo ou nalgum Youtube da vida, mas nas academias literárias, nos cursos superiores, com dedicação e zelo.
Enfim, essa é uma vida que se perdeu em meio a modernidade, onde tudo é superficial e virtual, onde nada e nem ninguém é levado a sério.

Infelizmente, ganhamos as tecnologias, mas perdemos a alma; o ideal seria se preservássemos as tradições e usássemos as tecnologias em nosso benefício.

Não era preciso vender a alma para que o progresso viesse, aliás, o sensato sempre foi preservar a alma enquanto usufruímos do progresso, da tecnologia e de tudo aquilo que evolui para nos proporcionar conforto.

A alma é uma tecnologia divina, logo, não foi feita para se perder, mas para nos dirigir e nos conduzir aos bons caminhos: à vida, à paz e ao amor.

Cláudio Nunes Horácio



sexta-feira, 11 de maio de 2018

A DOR DOS PAIS


Ter filhos dói!
Dói quando os parimos;
Dói quando têm cólicas;
Dói quando os deixamos na escolinha ou na creche;
Dói quando caem ao começarem a andar;
Dói quando começam a balbuciar suas dores;
Dói quando os deixamos anualmente na escola no primeiro dia de aula;
Dói quando os educamos, corrigimos e exigimos que façam as coisas certas;
Quando menstruam ou ejaculam pela primeira vez;
Quando se tornam adolescentes e descobrimos que a partir daquela data alçarão voos longe de nós.
Dói quando percebemos que vestem “a couraça do sabe tudo” ao notarem inconscientemente que o mundo é grande demais e a vida excessivamente perigosa para quem está no comecinho e ainda não sabe nada.
Dói os vermos tropeçar e cair, se arrebentarem e continuarem tentando e tentando e tentando...
Dói compartilhá-los com o primeiro namorado, a primeira transa e todos os corações partidos no decorrer da vida inteira.
Dói vê-los mudar de cidade para cursar aquela faculdade ambicionada;
Dói vê-los se casarem, irem embora de casa definitivamente para que a vida providencie que se tornem adultos;
Dói enxergarmos seus erros tolos com seus cônjuges, filhos, patrões;
Dói não sermos acatados em nossos conselhos preciosos;
Dói percebermos que mesmo quando eles se julgam adultos ainda não passam de crianças inexperientes que só fazem besteiras no cotidiano: não têm ideia de como lidar com a vida, marido, esposa, filhos, profissão, espiritualidade...
Dói quando ficam desempregados, quando parem, adoecem...
Dói percebermos o pavor nos olhos deles quando envelhecemos e estamos prestes a completar a nossa missão na Terra;
Dói sabermos que sofrerão com a nossa morte e que, mesmo involuntariamente, lhes causaremos essa dor.
A paternidade e maternidade é a expressão máxima do amor de Deus, é incondicional, intransponível e incomparável. É na condição de pais que desfrutados do coração de Deus; é nessa condição que Deus compartilha do seu Amor conosco.
A única maneira de sentirmos o coração de Deus batendo dentro do nosso peito é aceitando e nos rendendo ao Amor Incondicional que sentimos por nossos filhos.
É nesse sentimento que Deus se apresenta exatamente como É!

Cláudio Nunes Horácio