terça-feira, 20 de junho de 2017

O DIA DO DEPRESSIVO


Abriu os olhos e percebeu que precisava reunir todas as suas forças para se levantar e enfrentar o cotidiano que, para a maioria, é normal, mas que para ele era um esforço sobre-humano.

As questões do dia-a-dia, tão corriqueiras para a maioria, como: levantar-se, arrumar-se e dirigir-se ao trabalho ganhara um peso jamais experimentado, exceto, pelos deprimidos.

Sabia que teria que chegar ao seu local de trabalho e se relacionar com os colegas, sorrir, ser amigável e simpático. Acontece que nada lhe dava sabor à vida, tudo era nublado; não havia cores que pudessem acalentar os seus sentimentos confusos.

Seu corpo funcionava igualzinho a um carro de gasolina que fora abastecido com diesel, sua mente é o motor que se recusa a normalizar devido à falta da substância correta para o seu funcionamento padrão, correto e normal.

Tudo o que encanta e agrada a maioria das pessoas já lhe são desprezíveis, insossas e até insanas. Você sabe que o problema está em você; sabe que precisa resistir e lutar para que haja uma normalização de humores em você, só que não encontra o caminho, os equipamentos e aparelhos que poderão lhe ajudar a se normalizar.

Se alguém lhe diz que no dia seguinte você terá que fazer uma coisa, sua ansiedade subirá de nível, se lhe disserem que terá que fazer 2 coisas, ela dobrará e se tiver que fazer 3 coisas, nem dormirá mais.
Um simples encontro social como um aniversário, um casamento ou um almoço adquire o poder de assombrar seu dia e lhe causar calafrios.

Relacionar-se, então, é uma coisa de outro mundo, por isso a busca pelo isolamento, pois família, trabalho e escola passam a ser um grande problema justamente porque teremos que usar máscaras sociais para nos parecer normais, sendo que não estamos normais.

Fora o que já sofremos com os sintomas, ainda temos que aguentar a ignorância das pessoas que palpitam e julgam sem nada saber sobre essa doença, já que todo brasileiro é metido a ser médico, teólogo, técnico de futebol, comentador político...

Felizmente as crises diminuem e os sintomas ora desaparecem, ora reaparecem mais brandos, por isso poderemos viver normalmente, porém, sabendo que não somos pessoas normais, que temos um distúrbio que dá para ser administrado. Mas essa administração não nos transformará em gente normal, apenas nos ajudará a nos adaptarmos à sociedade.

Cláudio






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