O fato é que a cada ano o Espírito de Natal vêm definhando.
Já não somos cristãos por decisão ou convicção, mas por educação ou pelo adestramento
cultural imposto pelo nascimento num país supostamente cristão.
Na verdade, noventa por cento das pessoas sequer imaginam o
que é ser cristão, não sabem o que o Cristo ensinou e jamais leram os
Evangelhos canônicos e, os pouquíssimos que os leram, nada entenderam.
Há uma salada de frutas doutrinárias com pitadas dos dogmas
ortodoxos, misturados com as heresias contemporâneas da moda que supostamente
mostram um pseudoconhecimento onde é possível misturar a água com o óleo e
criar-se um novo elemento líquido.
O cristianismo vigente é a omelete feita sem quebrar os
ovos, a morte sem a falência do corpo, a ressurreição daquele que não nasceu,
o orgasmo sem o ato conjugal e o parto sem o feto, ou seja, tudo o que é
essencial no Evangelho foi abandonado, não há tutano nos ossos das religiões
cristãs do nosso tempo. Elas se parecem mais com um camaleão que se adapta ao
ambiente do que com o Portal dos oráculos do Altíssimo.
Tudo o que Jesus pregou e ensinou, tudo o que Ele disse de
Si mesmo, todo exemplo de vida, amor e fé que Ele praticou já não nos serve pra
nada. Isso, porque o hedonismo extremo se instalou em nós como marsupial que
vive em nossa bolsa abdominal e não sai de lá para mais nada que não seja o
nosso próprio prazer.
“Faça-se a nossa vontade assim na Terra como nos Céus” Essa
é a doutrina supostamente cristã do século XXI.
Substituímos Jesus por Noel, o louvor pelos muitos
presentes; à caridade pelos banquetes regados a bebedeiras e intrigas
familiares; a face do Cristo em nós pela camuflagem das cirurgias plásticas; escondemos
o nosso corpo cansado da ausência de Deus e o transformamos em cabide a
desfilar as nossas roupas de grifes. Tudo muito belo, tudo muito plástico, tudo
muito artificial, exatamente a antítese de Jesus e do Evangelho.
O Natal é a comemoração indizível da Encarnação do Verbo de
Deus. Isso deveria nos constranger ao amor, à graça, à paz, à misericórdia, ao
perdão, ao arrependimento, à consciência da nossa insignificância, ao estudo, à prática do Evangelho e à instalação do bem em nós, mas em nossos dias isso
não seria politicamente correto, pois a moda agora são as crendices vãs e não a
fé viva no Cristo de Deus.
Ser do Cristo hoje é ser ignorante, brega, arcaico, burro e
ultrapassado; a moda é ser ateu ou “multi-eclético” e aceitar conceitos
absurdos como sendo dogmas inteligentes e irrefutáveis. É voltar a ser infantilizado e
idiotado esponjando as sandices propaladas pela mídia e pelos ídolos. É chamar o
feio de belo e o belo de feio; a cultura de ignorância e a ignorância de
cultura; o lixo de música e a música de lixo; os tolos de sábios e os sábios de
tolos; a vulgaridade de elegância e a elegância de vulgaridade; é perdermos
totalmente a noção das coisas e dos seus lugares no mundo e na sociedade.
É endeusar as crianças e escravizarmos os adultos por conta
disso, nos tornando reféns da nossa própria vaidade ao passarmos as
responsabilidades de adulto para as crianças que são aprendizes inexperientes,
ou nos recusando a educá-las, como sempre foi e deve ser, transferindo a nossa responsabilidade
para a escola ou para o governo.
É aceitarmos como norma aquilo que jamais será normal:
mentiras, dissimulações, adulterações, bajulações, falsidades, desafetos,
difamações, deslealdades, manipulações, desamores, camuflagens, assassinatos,
torturas, calúnias, covardias, ignorâncias, preguiças... Tudo isso praticado
por nós e ainda nos achamos cristãos e ainda usamos o marketing pessoal ou
familiar para expormos ao mundo aquilo que não somos e que não cremos como se
fôssemos e crêssemos.
Toda essa nossa imensa hipocrisia NÃO é o Natal, é o
exemplo daquilo que não devemos ou podemos fazer, agir, praticar ou viver, pois
o Natal é a rendição total e irrestrita a graça de Deus encarnada em Jesus
Cristo.
Graça essa que não teve custo para nenhum de nós, por isso
chama-se graça, do contrário chamaria salário, pois teríamos feito algo para
receber, mas como nada fizemos e ganhamos, chama-se graça de Deus, o Seu dom
gratuito.
É no Natal que reconhecemos a nossa incapacidade de lidarmos
sozinhos com a vida e com a morte, com o presente e o porvir; é nesse dia que
comemoramos a excelsa encarnação de Deus para nos salvar, conforme lemos em
Isaías 7.14:
“Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e lhe chamará
de Emanuel (que quer dizer Deus conosco).”
Portanto, o Natal é a comemoração indescritível da presença de
Deus entre nós, MARANATA!
Cláudio Nunes Horácio
👏 👏 👏
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