Viver com alterações de humores,
em condições de depressão, seja ela mono ou bipolar, nos causam muitos
problemas de relacionamentos.
E, não somente problemas
conjugais, mas financeiros e profissionais também.
Quando oscilamos muito, há
decisões contraditórias num período muito curto de tempo: ora vivemos uma
tristeza profunda, ora vivemos uma euforia insana; ora sentimos e pensamos que
tudo está errado, que tudo que existe não vale a pena e desistimos da vida; ora
exultamos com qualquer coisa rotineira acreditando que mesmo o mais improvável
dará certo.
Nesses períodos é que fazemos as
maiores imbecilidades, pois ou nos demitimos, divorciamos ou abandonamos tudo e
sumimos ou, assumimos dívidas que jamais conseguiremos pagar ou, fazemos
promessas e assumimos compromissos impossíveis.
Os remédios nos equilibram de
forma a nos tirar do céu e do inferno e nos transporta para o centro, para a
realidade, nos permitindo uma estabilidade emocional que evita os extremos, porém
nos tira o gosto da vida que fica insossa.
Passamos a sentir menos,
infinitamente menos: menos excitados, menos exultantes, menos tristes,
melancólicos e pessimistas. Porém, essa mudança de sentimentos também pode
causar transtornos, caso a medicação esteja errada.
Remédios ou doses erradas podem
nos deixar extremamente nervosos e violentos, impacientes, aflitos,
extremistas, superexcitados ou completamente largados e desanimados.
Dependendo do momento amamos
alguém profundamente ou o odiamos profundamente. E, o pior é que, no momento, o
sentimento é real e verdadeiro, mudando de polo pouco tempo depois.
Depressão é uma doença mental, e
“a pior parte de ter uma doença mental é que as pessoas esperam que você se
comporte como se não a tivesse.” (filme “Coringa”).
Lidamos todos os dias com os
“normais”, pessoas que desconhecem esse Universo que vivemos e que julgam que
esse mundo não existe, que somos mimizentos, mimados e que inventamos estória
toda hora.
Sofremos todo tipo de crítica e
recebemos inúmeras sugestões:
“Isso é falta de Deus.”
“Você precisa procurar uma
religião.”
“A vida é assim pra todo mundo.”
“Você precisa reagir.”
“Você é esquisito demais, tem que
mudar.”
“Eu já tive depressão e superei,
reagi.”
“Você tem tudo para ser feliz.”
“Tem gente muito pior que você no
mundo.”
“Problema quem tem são os
famintos da África.”
“Depressão é coisa de rico, pobre
não pode ter depressão, senão morre de fome.”
E por aí vão às pérolas, com seus
julgamentos e veredictos diários, por isso escondemos a nossa doença mental, camuflamos,
ocultamos ao máximo, porém, qualquer um que tiver o interesse em observar,
detectará a doença rapidamente, pois nossas atitudes nos denunciam às pessoas
esclarecidas.
Claro que sempre tem um jumento
bem sucedido que se julga o esperto porque conseguiu adquirir um monte de
quinquilharias materiais que não poderá levar para o túmulo e, que, se
especializou em palpitar na vida de quem julga inferior a ele por não possuir o
que ele tem.
Esses são os especialistas de
almanaque, relacionam sucesso material com inteligência, o que definitivamente
não tem nada a ver com inteligência, mas como vivem sob o efeito Dunning-Kruger,
esses ultracrepidários adoram julgar, difamar e palpitar na vida de quem lhes
permite isso. O pior é que os “normais” realmente acreditam que esses são
superiores, já que possuem mais que eles. Ridículo!
Diante do exposto, só posso dizer
que vivo isso desde pequeno, há muitos e muitos anos sei disso, mesmo que nunca
lhes tenha dito. Perdi empregos e mais empregos, namoradas, paixões, casamentos,
dinheiro e saúde tentando viver de forma “normal.
A minha sorte é que disfarço bem,
apesar de que ultimamente não tenho feito a menor questão de esconder nada de
ninguém.
Parece que depois de 54 anos,
aprendi a ligar a tecla “FODA-SE!”.
Sou assim e ponto final!
Cláudio Nunes Horácio
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