A tecnologia evoluiu demais
nesses últimos 40 anos; isso proporcionou o barateamento de inúmeros produtos,
nos trazendo uma prosperidade jamais vista.
Lembro-me que os produtos que
hoje consumimos em nosso dia-a-dia eram luxos dos domingos ou aniversários, por
exemplo: Coca-Cola, só aos domingos; bombons, só quando ganhávamos de presente
de aniversário.
Telefone também era luxo, valia o
mesmo que um terreno e, pessoas que tinham dinheiro os comprava para alugar. Automóveis
eram posses da classe média e alta e, jamais imaginávamos que teríamos as
facilidades de hoje.
Tínhamos uma rotina bem definida:
horário para acordar, estudar, trabalhar, divertir, comer, dormir... Como,
igualmente, para rezar e ir às missas.
Os pais decidiam quais os
programas assistiríamos nos televisores, visto que não havia controle remoto e
filho algum se atreveria a mudar o canal que o pai estava assistindo. Criança
alguma, igualmente, se atrevia a se intrometer em conversas de adultos ou a desobedecer
a ordens simples como: “vá dormir!”.
Não havia traumas ou psicólogos a
nos contar como deveríamos educar os nossos filhos, o governo, igualmente, não
se intrometia na vida familiar através de leis que proibissem os adolescentes
de trabalhar ou as crianças de levar umas cintadas quando necessário.
O respeito aos pais nos ensinava
a respeitar às leis, aos idosos, à Igreja, os professores etc.
Havia escassez de bens materiais
e riqueza de caráter, honestidade e respeito.
Nossa base era a família e a
Igreja, as duas instituições criadas por Deus e que sempre foram as maiores
autoridades humanas, instruindo, orientando, repreendendo, educando, ensinando
e protegendo. Nossas escolas tinham disciplina rígida e um currículo educacional eficiente para o aprendizado das matérias básicas: português,
matemática, história, geografia... Respeitávamos os professores e temíamos os
diretores.
O tempo passou e em 40 anos tudo
mudou.
Começamos a valorizar mais o ter
do que o ser e, então, passamos a investir infinitamente mais em ganhar e
adquirir.
Logo o comércio começou a abrir
aos domingos, coisa inimaginável quando a família e a Igreja dominavam a
sociedade, nas palavras do bispo da minha diocese: “se algum INFIÉL se atrever
a abrir o comércio no dia do Senhor (domingo) não comprem!”. E todos
obedecíamos e temíamos, o que fazia com que o comércio não tivesse lucro e, por
isso, permanecesse fechado aos domingos, para que separássemos o dia do Senhor
para ir à missa e para ficar com a família.
Devagarinho, bem aos poucos, as
novelas íam inculcando novos costumes que não tínhamos na sociedade. Novos
conceitos sobre diversos assuntos foram gradualmente tomando conta dos temas
das novelas, seriados e filmes: primeiro o desquite e a infidelidade conjugal; posteriormente
temas mais controversos como o aborto, a produção independente, a homossexualidade,
o divórcio, o novo casamento, os adultérios, a rebeldia dos filhos, a dissolução
da família, os supostos interesses escusos das igrejas, o ateísmo...
Tudo isso de forma infinitamente
gradual e discreta foi construindo a nova sociedade nas últimas quatro décadas.
A moral judaico-cristã foi sendo esquartejada, dilacerada, moída discretamente
para que a Igreja e a família perdessem a primazia e o domínio que sempre teve na
sociedade cristã.
Então, chegamos ao ponto que nos
encontramos, onde a família não tem controle algum sob seus membros, à igreja é
um cadáver se decompondo e, ambas as instituições criadas por Deus, perderam
totalmente sua autoridade na sociedade moderna.
Em meio as transformações de caráter
moral, houve um crescimento assustador na produção de consumo, telefones
celulares, automóveis, computadores, smart tvs... tudo acessível a quem quiser.
Comida, então, tornou-se
abundante, fazendo com que seu preço diminuísse drasticamente. Hoje bebemos e
comemos a vontade tudo o que outrora fazíamos uma vez por ano.
Temos condições de comer carne e
beber refrigerante todos os dias, comer chocolate quando quisermos, nos
esbaldarmos com tudo aquilo que desejarmos. Podemos viajar todos os anos,
algumas pessoas várias vezes no ano.
Nossos problemas atuais decorrem
do fato de termos abandonado a primazia da família e da Igreja, que nos dava
valores sólidos, por essa vida indisciplinada de uma sociedade de consumo
insano.
O que temos hoje é excelente:
tecnologia, acesso a informação, contatos instantâneos, facilidades das mais
diversas e a época mais abundante da Terra. Porém, por indisciplina, por falta
de ética e limites, estamos adoecendo rapidamente.
Os jovens são ingratos,
indisciplinados, mimados, drogados, pervertidos, irresponsáveis,
inconsequentes, analfabetos funcionais, desrespeitosos, sem limites, egoístas,
imediatistas, impacientes... E, isso, os está fazendo adoecer pela depressão e
ansiedade e levando alguns ao suicídio.
Os pais são frouxos, perdidos,
cansados, sobrecarregados, arrependidos, decepcionados, frustrados, sem rumo e
tentando entender o que foi que os atropelou no meio do caminho para que tudo
tivesse dado errado com seus filhos e cônjuges.
O Brasil tornou-se num grande
hospício a administrar a demência coletiva, inculcando nas pessoas somente o
que é interesse de meia dúzia de poderosos.
Infelizmente, não há cura ou
solução para essa geração que tornou-se tetraplégica existencial devido a
manipulação e a molestação midiática diuturna e o total abandono dos seus
princípios mais importantes: o cristianismo e a família tradicional.
Cláudio Nunes Horácio
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