quarta-feira, 16 de outubro de 2019

DEPRESSIVOS - OS CAMALEÕES DA EXISTÊNCIA

Viver com alterações de humores, em condições de depressão, seja ela mono ou bipolar, nos causam muitos problemas de relacionamentos.

E, não somente problemas conjugais, mas financeiros e profissionais também.

Quando oscilamos muito, há decisões contraditórias num período muito curto de tempo: ora vivemos uma tristeza profunda, ora vivemos uma euforia insana; ora sentimos e pensamos que tudo está errado, que tudo que existe não vale a pena e desistimos da vida; ora exultamos com qualquer coisa rotineira acreditando que mesmo o mais improvável dará certo.

Nesses períodos é que fazemos as maiores imbecilidades, pois ou nos demitimos, divorciamos ou abandonamos tudo e sumimos ou, assumimos dívidas que jamais conseguiremos pagar ou, fazemos promessas e assumimos compromissos impossíveis.

Os remédios nos equilibram de forma a nos tirar do céu e do inferno e nos transporta para o centro, para a realidade, nos permitindo uma estabilidade emocional que evita os extremos, porém nos tira o gosto da vida que fica insossa.

Passamos a sentir menos, infinitamente menos: menos excitados, menos exultantes, menos tristes, melancólicos e pessimistas. Porém, essa mudança de sentimentos também pode causar transtornos, caso a medicação esteja errada.

Remédios ou doses erradas podem nos deixar extremamente nervosos e violentos, impacientes, aflitos, extremistas, superexcitados ou completamente largados e desanimados.

Dependendo do momento amamos alguém profundamente ou o odiamos profundamente. E, o pior é que, no momento, o sentimento é real e verdadeiro, mudando de polo pouco tempo depois.
Depressão é uma doença mental, e “a pior parte de ter uma doença mental é que as pessoas esperam que você se comporte como se não a tivesse.” (filme “Coringa”).

Lidamos todos os dias com os “normais”, pessoas que desconhecem esse Universo que vivemos e que julgam que esse mundo não existe, que somos mimizentos, mimados e que inventamos estória toda hora.

Sofremos todo tipo de crítica e recebemos inúmeras sugestões:

“Isso é falta de Deus.”
“Você precisa procurar uma religião.”
“A vida é assim pra todo mundo.”
“Você precisa reagir.”
“Você é esquisito demais, tem que mudar.”
“Eu já tive depressão e superei, reagi.”
“Você tem tudo para ser feliz.”
“Tem gente muito pior que você no mundo.”
“Problema quem tem são os famintos da África.”
“Depressão é coisa de rico, pobre não pode ter depressão, senão morre de fome.”

E por aí vão às pérolas, com seus julgamentos e veredictos diários, por isso escondemos a nossa doença mental, camuflamos, ocultamos ao máximo, porém, qualquer um que tiver o interesse em observar, detectará a doença rapidamente, pois nossas atitudes nos denunciam às pessoas esclarecidas.

Claro que sempre tem um jumento bem sucedido que se julga o esperto porque conseguiu adquirir um monte de quinquilharias materiais que não poderá levar para o túmulo e, que, se especializou em palpitar na vida de quem julga inferior a ele por não possuir o que ele tem.

Esses são os especialistas de almanaque, relacionam sucesso material com inteligência, o que definitivamente não tem nada a ver com inteligência, mas como vivem sob o efeito Dunning-Kruger, esses ultracrepidários adoram julgar, difamar e palpitar na vida de quem lhes permite isso. O pior é que os “normais” realmente acreditam que esses são superiores, já que possuem mais que eles. Ridículo!

Diante do exposto, só posso dizer que vivo isso desde pequeno, há muitos e muitos anos sei disso, mesmo que nunca lhes tenha dito. Perdi empregos e mais empregos, namoradas, paixões, casamentos, dinheiro e saúde tentando viver de forma “normal.

A minha sorte é que disfarço bem, apesar de que ultimamente não tenho feito a menor questão de esconder nada de ninguém.

Parece que depois de 54 anos, aprendi a ligar a tecla “FODA-SE!”.

Sou assim e ponto final!

Cláudio Nunes Horácio



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